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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

É difícil de compreender

Parece que o mundo tem sede de matar. A morte anda tão banalizada! Não há motivos racionais, apenas a vontade de tirar a vida do outro. O que vemos nos noticiários é chocante, formas cada vez mais diversas de violência, assassinatos, furtos, disputas (ideológicas, raciais) sangrentas, com milhares de pessoas envolvidas, na maioria das vezes inocentes, que perdem suas vidas. Todo esse caos destrutivo, porém, parece não mexer com as pessoas; a morte passa a ser coisa do cotidiano. A sociedade fica atada aos problemas de um sistema falido. A situação está fora de controle há muito tempo.

O ponto que eu quero chegar é o seguinte: existe limite da sua liberdade? O que explica uma pessoa tirar a vida de outra? O que o sistema tem a ver com tudo isso?

O ser humano sempre tenta violar sua própria liberdade, tenta se impor diante dos outros do jeito que bem entender e é isto que fere o direito do outro viver também. A partir do momento alguém faz tudo o que quer, também não deixa que outro faça o que quer. Penso que é como a lei da física da "Impenetrabilidade", a qual diz que "duas porções de matéria não podem ocupar, simultaneamente, o mesmo lugar no espaço". É mais ou menos a mesma regra, não há espaço para violações.

A força interior humana, contudo, é tão relutante, passando por cima de qualquer regra de convivência social. Motivos existem, mas quase nunca são sensatos; o que é importante é aumentar o próprio ego, muitas vezes insanamente, ou, criminalmente falando. Creio que isso "explique" o porquê das pessoas matarem cruelmente umas as outras.

Já o sistema é como uma avalanche de neve. Todos que foram invadidos por ela, dificilmente conseguirão sair. A maioria que lá está, acomodou-se com a maneira precária e injusta de como a vida é levada. A bola de neve que cresce é como a miséria e a violência aumentando. Quando muda a estação do ano (quando é época de eleições), ela parece estar pequenininha, quase derretida. Os problemas sociais parecem tão fáceis de serem resolvidos. Mas é só o inverno rigoroso voltar, que a bola continua crescendo descontroladamente. A bola é o nicho perfeito para os criminosos.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Pare, olhe, escute e... atue.

Quando paramos para pensar se o que fazemos é o certo, nos deparamos com uma série de dúvidas sobre o que é o certo afinal. Tudo o que sabemos sobre moral vem dos nossos antepassados, o que não passa de um espelho da sociedade.
Ao nos depararmos com uma situação qualquer em que alguém foge dos conceitos morais esteriotipados pela sociedade, nosso instinto de justiça fala mais alto e implica por uma tomada de ação contra isso. Porém, a maior parte das pessoas estão acostumadas com a idéia de que "a justiça nunca é feita" e acabam por aceitar alienadamente coisas "erradas" que acontecem ao nosso redor. Daí surge a acomodação do ser humano defronte a tantas injustiças que lá dentro nos causam dor e angústia. Surge também a conformação e o desacato diante da pobreza, humilhação, fome, analfabetismo, poluição e corrupção.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Ecologia e Sociedade

Eis aqui um fragmento do texto recitado pela "Ação Ecológica Leste", nos EUA, em 1969, o qual se encaixa completamente aos dias de hoje e a situação catastrófica em que se encontra o meio ambiente. Vale a pena a leitura!

'A concepção básica de que a humanidade deve dominar e explorar a natureza, provém da dominação e exploração do homem pelo homem. Na verdade, esta concepção vem de tempos remotos em que o homem começou a dominar e explorar as mulheres dentro da família patriarcal. Desde essa altura os seres humanos foram olhados, cada vez mais, como meros recursos, como objetos em vez de sujeitos. As hierarquias, classes, sistemas de propriedade e instituições políticas que emergiram com o domínio social foram transferidas conceitualmente para a relação entre a humanidade e a natureza. Esta, também foi cada vez mais olhada como mero recurso, um objeto, uma matéria bruta a ser explorada tão implacavelmente como escravos num latifúndio. Esta "visão do mundo" impregnou não só a cultura oficial da sociedade hierárquica; tornou-se na maneira como os escravos, servos, trabalhadores da indústria e as mulheres de todas as classes sociais se começaram a considerar a eles mesmos. Contida na "ética do trabalho", na moralidade baseada na recusa e na renúncia, num modo de comportamento baseado na sublimação dos desejos eróticos e noutros aspectos mundanos (sejam eles Europeus ou Asiáticos), os escravos, servos, trabalhadores e metade das mulheres da humanidade foram ensinadas a vigiarem-se a si próprios, a talharem as suas próprias cadeias, a fechar as portas das suas prisões.

Se a "visão do mundo" da sociedade hierárquica começa hoje a declinar é especialmente porque a enorme produtividade da moderna tecnologia abriu uma nova visão: a possibilidade de abundância material, um fim à escassez de uma era de tempos livres (o chamado "lazer") com um mínimo de trabalho duro. A nossa sociedade está a ser impregnada por uma tensão entre "o que é" e "o que poderia ser", uma tensão exacerbada pela exploração e destruição irracional e desumana da terra e dos seus habitantes. O maior obstáculo que dificulta a solução desta tensão é a extensão até à qual a sociedade hierárquica ainda modela os novos pontos de vista e as nossas ações. É mais fácil refugiarmo-nos nas críticas à tecnologia e ao crescimento populacional; tratar com um sistema social arcaico, destrutivo sobre as suas próprias condições e dentro da sua própria estrutura. Quase desde o berço temos sido socializados pela família, instituições religiosas, escolas e pelo próprio trabalho, aceitando a hierarquia, renúncia e sistemas políticos, como premissas sobre as quais todo o pensamento deve apoiar-se. Sem esclarecer essas premissas, todas as discussões, sobre o equilíbrio ecológico permanecerão meros paliativos e serão contraproducentes.

Em virtude da sua excepcional bagagem cultural, a sociedade moderna - sociedade burguesa orientada para os lucros - tende a exacerbar o conflito entre a humanidade e a natureza, de uma forma mais crítica do que as sociedades pré-industriais do passado. Na sociedade burguesa, os humanos não só se transformam em objetos mas também em mercadorias; em objetos claramente destinados a serem vendidos no mercado. A competição entre os seres humanos, como mercadorias, torna-se um fim em si, em conjunto com a produção de artigos totalmente inúteis. A qualidade transformou-se em quantidade, a cultura individual em cultura de massas, a comunicação pessoal em comunicação de massas. O meio ambiente natural tornou-se numa fábrica gigantesca e a cidade num imenso mercado: tudo, desde uma floresta Redwood ao corpo de uma mulher tem "um preço". É tudo equacionado em dólares, seja uma catedral consagrada ou a honra individual. A tecnologia deixa de ser uma extensão da tecnologia. A máquina não amplia o poder do trabalhador; é o trabalhador que amplia o poder da máquina e na verdade ele mesmo se torna numa simples parte da máquina. É assim tão surpreendente que esta sociedade exploradora, degradante e quantificada oponha a humanidade a si própria e à natureza, numa escala mais assombrosa do que qualquer outra no passado?

Sim, necessitamos mudar, mas mudar tão fundamentalmente e em tão grande escala que mesmo os conceitos de revolução e liberdade devem ser ampliados para além de todos os primitivos horizontes. Não é já suficiente falar das novas técnicas para a conservação e promoção do ambiente natural; devemos tratar a terra comunalmente, como uma coletividade humana, sem aquelas peias da propriedade privada, que têm distorcido a visão da vida e da natureza da humanidade, desde a rutura da sociedade tribal. Devemos eliminar não só a hierarquia burguesa mas a hierarquia como tal; não só a família patriarcal, mas também todas as formas de domínio familiar e sexual; não só a classe burguesa e o sistema de propriedade, mas sim todas as classes sociais e a propriedade. A Humanidade deve tomar posse de si própria, individual e coletivamente, para que todos os seres humanos obtenham o controle de suas vidas diárias. As nossas cidades devem ser descentralizadas em comunidades ou ecocomunidades talhadas, fina e habilidosamente, para o aproveitamento da capacidade dos ecossistemas nos quais elas estão localizadas. As nossas tecnologias devem ser readaptadas e formuladas em ecotecnologias, fina e inteligentemente adaptadas para usarem as fontes de energia local e os materiais, com um mínimo ou sem poluição do ambiente. Necessitamos recuperar um novo sentimento das nossas necessidades - necessidades que fomentem uma vida saudável e que exprimam as nossas inclinações individuais, não as "necessidades" ditadas pelos meios de comunicação. Temos que restaurar a escala humana no nosso ambiente e nas nossas relações pessoais, substituto medianeiro das relações pessoais diretas na gestão da sociedade. Finalmente, todas as formas de domínio - social ou pessoal - devem ser banidas das nossas concepções, de nós próprios, dos nossos semelhantes e da natureza. A administração dos humanos deve ser substituída pela administração das coisas. A revolução que pretendemos deve envolver não só as instituições políticas e as relações econômicas, mas também a consciência, o estilo de vida, os desejos eróticos e a nossa interpretação do significado da vida.

O balanço aqui, é o espírito antiquado e os sistemas de domínio e repressão que não só opuseram o homem ao homem, mas a humanidade à natureza. O conflito entre estas é uma extensão do conflito entre o ser humano. A não ser que o movimento ecológico envolva o problema do domínio em todos os seus aspectos, ele não contribuirá em nada para a eliminação da origem das causas da crise ecológica do nosso tempo. Se o movimento ecológico se detém em simples reformas de controle da poluição e conservação, sem tratar radicalmente da necessidade de ampliação de um conceito de revolução, ele servirá meramente como uma válvula de segurança do sistema existente da exploração humana e natural.'